quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Polaroid urbana

Sou uma polaroid urbana.
Bebo madrugada para acordar poeta.
E das rimas faço-me até o caroço.
Despisto os rótulos para vestir liverdade.
Engulo frases de efeito para mascar sabedoria.
Decifro e devoro as inutilidades dessa vida.
Me faço de mocinha, bandida e cinderela.
Sonho com a casa no campo breijeira.
Planto livros e discos.
Classifica-me quem quer.
Sou favorita do acaso.
Descrente do destino.
E peça central da vida.
A velocidade da luz movimenta meus pesamentos.
Meu desejo engole vida pra amadurecer.
Sinto o passado mas não o quero ver de perto.
Suspiro presente mas sem açúcar.
Sou coadjuvante de cinema.
E camaleoa de mim mesma.
Sou polaroid urbana.
Despejo sensibilidade pra quem queira sentir.
E corto á polegadas quem queira me tolir.
Danço na ponta dos pé no cotidiano.
Dou gargalhadas dos rituais e regras.
Esbanjo contradições por puro prazer.
Simplesmente Sou.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Arde

Mudei os móveis de lugar. Modifiquei o que podia modificar. Mas ainda ardia. Mesmo que taxativamente tardia. Ardia e fim. Rasguei as folhas, fotos, rabisquei fatos. Chorei no ensaio dos nossos atos. Costurei teus botões. Tentei esconder-te minhas emoções. Mas ardia. De noite e de dia. Digo que não quero, que não posso, que não sinto. Mas arde e eu minto. Cortei o cabelo e passei a andar descalça. Não adianta me sinto sem apoio, sem alça. Ainda bebo das rimas, uso-as até a loucura. O sentido me cura. E tua falta me tortura. Porque não segura? Não me toma como tua?! Cadê os arroubos do teu desejo? É só vazio que vejo. Em mim arde sem parar. Que faço eu com esse maltratar? Bebo ar e engulo o chorar. Sorrio pra te enganar. Em silêncio seu pensamento me diz: vai passar! Mas arde. E dentro de mim faz alarde. Vc de qualquer jeito. É assim que te sinto em meu peito. E o que partiu penso não mais colar. E essa chama que não para de me sugar? Vou deixar me levar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

É tarde demais

É tarde demais. Já fiz minhas escolhas, já determinei as minhas metas. Minhas linhas tortuosas seguem algumas retas. Vc não faz parte do meu joguinho de tabuleiro. Se eu sou a pimenta, vc não é o saleiro. É tarde demais. Pra vc me convencer. Para eu te mostrar meu escondido atrever. Já fiz minhas opções. Vc não faz parte das minhas emoções. Só das rimas. Gosto das palavras sobre o meu sentir. É como um possuir. Mas pra vc é tarde. Tua chama, sua faísca não me arde. E eu preciso do que me causa arroubos, que me faz fazer passionais. Preciso de um cais. E vc? é tarde. Tá gasto, tá previsível. Quero de alguém o impossível. O que transforma. É tarde demais pra nóis dois. Nosso tempo já foi.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Acaso

E como será se o acaso me segurar pelos cabelos?
Respirar no meu ouvido, arrepiar os pêlos.
Prometo tentar não racionalizar.
Também nem vou ter tempo de pensar.
Acaso é assim, corro dele involuntariamente.
É menino, é homem, meio bicho, meio gente.
Se me alcançar o deixo livre sobre minhas vontades.
Faça o que quiser de mim.
Talvez nem seja ruim.
Abraçar o inesperado.
Ás vezes é bom ficar parado.
Acaso vou te avisar:
Adoro comer e engolir o apaixonar.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Saídas que um dia busquei.

Acharei as saídas que julguei um dia. Se me entrego ao etílico não me apontes. Muitas questões me cortam como facas amoladas. Não reclamo das feridas que sangram caladas. Observo não só a dor mas o sangue que escorre. O pior é quando a alma morre. Talvez encontre os curativos desses cortes. E não suspire tanto dia-a-dia com as pequenas mortes. Tenho certa apreciação pelo sofrível. A felicidade é para mim algo temível. Estou acostumada a sentir dor. Carregá-la, respirá-la, sofrer por ela, ter amor. Conheço-a do avesso. Chego a ter apreço. Carrasca-amante. Se não reajo a tua operante ação não me apontes. Mostro-te minhas razões aos montes. Mas não sentirás os meus espinhos. Doem em mim e só a mim fazem imperceptíveis desalinhos. Se me julgas, guarde tuas considerações para tua concepção. Duvido de teu e todos os sentimentos expostos. Acredito em mim e nos meus contraditórios opostos. Que desmorone-te em suas críticas inúteis. Não preciso de morais fúteis. Acharei as saídas que um dia busquei. Na minha doce e infantil inocência que julguei.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ninguém pode me sossegar

Num copo grosseiro bebo rock n´roll. O volume está quebrado, aumento sem parar. Pé ante pé saem do chão. E quem pode me sossegar? Braços ao alto e cabelos ao balanço. Um gole, sacudo, danço. Os vizinhos, e desconhecidos podem reclamar. Mas quem se importa? ninguém pode me sossegar. Temperatura sobe, outro gole,riso nos lábios. Quero mais, quero na veia. O etílico não é água mas não me sinto cheia. Fecho os olhos, pulinhos e suor. Esse momento certamente é o melhor. Meu fôlego esse rock está a tirar. Mas ninguém pode me sossegar. Outro gole, respiro. Balanço, arranco o excesso de roupa, viro. Só as paredes á testemunhar. Não preciso do teu e de nenhum olhar. Estou a exorcizar. E ninguém pode me sossegar.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Dividir

Divida comigo tua excrucitante dor. Já doaste todo teu desmanchante amor. Não precisa expor as carnes alheias. Mas peço-te : sopre essas doentes poeiras. Manda-te o medo vagar sozinho ás ruas. Respire cápsulas de coragem embora digas que não as possua. Vou inspirar-te, encher-te de cores. Parta em mil partículas as dores. E deixa que as aspire de ti. O medo já foi-se, não irás cair. Vou soprar tuas cinzas ao mar. Assim o sal as diluirá sem chance delas pensarem em voltar. Atormentar teu calar. Não ofereço minha mão trêmula ao teu olhar inseguro. Pilares da concretude do meu afeto teus pés sentirão. Dividirá teus pedaços frágeis comigo. Te ofereço meu coração, o ombro e o ouvido. Não julgueis palavras faltantes de minha boca vacilante. Acredite no que sente e diz teu coração pulsante. Divida comigo o teu bem querer de pureza. Dessa entrega irá nascer amor com maestreza.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Nuvem

Tenho criado uma nuvem. Ela condensa-se de acordo com o meu desejo. E esse está abalado. Cortes profundos, dilacerado. Consigo ver sombras de cores. Talvez notifique um lampejo de entusiasmo. A súplica desesperada do meu marasmo. Passional (talvez?) Tenho criado gotículas condensadas. Pedidos dramáticos de consistência. Se juntam e desfazem-se. Tento sentir um ínfimo sabor. Mas até isso está profundamente dilacerado. Alguns irão dizer:Repetitivo. Ciclo nocivo. Não importa. Minha nuvem já nasce morta. Repito: passional? Não, se trata de um sentimento fatal. Que nasce, traz ardência. Queima como fogo afirmo com vêemencia. E sem motivo, explicação ou cultivo falece. As minhas palavras não obedece. Ó nuvem morta-viva. Não arranque minha saliva. Desejo seco é como barco á deriva! Crio e não posso livrar-me. Nuvem, minha e única nuvem.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Espaço liberto

Cansei de verbalizar. Tentar descrever é pior que falar. Eu sinto e não tem remédio. Quase nada afugenta o meu tédio. Não importa que gostem. Minhas palavras pensadas pedem que as mostrem. Não faço questão do belo. Nem que esteja correto ou contenha um elo. Aqui é o meu espaço liberto.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Te ler.

Não vou te reler. Quero te deixar, te perder. Passar, respirar Até o último risco não te olhar. Já me teves demais. Já permiti que fosse meu cais. Que roubasse meus pensamentos mais banais. Não vou te reler. Fecharei vc, e nem vai doer. Laçarei as tuas folhas com fitas de cetim. Mas isso está longe de significar um fim. Só vou deixar de te ler. De ter entranhar, remexer. A contaminação já foi feita, nem falo. Mas fecho os olhos para tua leitura, me calo. Quero retirar teu viço, teu cheiro. Até as sobras esfrego com esmeiro. Só vou deixar. (...) De ler-te, mero interpretar. Preciso desse libertar. Entende? Não faça laços com amar. Esses são profundos. E o resto dura poucos- intermináveis segundos. Preciso desse deixar. Se não entende basta abandonar. Nem sequer me olhar. Qualquer captura dos cílios estarei a voltar. Não vou e não quero. Te ler..(como te venero)