quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Vai minha paixão.

Vai minha paixão.
Não deixa a brasa dessa chama se apagar.
Sopra poeira nesse precipício.
Prende meu sorriso eternamente.
Arranca as presilhas do bom senso.
Vai minha paixão.
Brota palavras em frases de coração.
Desalinha os pontos do meu sentido.
Derrama loucura nos meus poros.
Vai minha paixão.
Revira-me pelas vontades cruciais.
Beija-me partículas na monotonia diária.
Arrepia jogando ao alto as folhas secas do medo.
Vai minha paixão.
Me transforma, me injeta.
Veste-me as sandálias desse fogo que me deixa queimada.
Vai minha paixão.
Não se importe com julgamentos diversos.
Enrijeça meus músculos sem tormentos.
Preencha-me com toda sua complexidade.
Vai minha paixão.
Dispa-me apontando tuas incomparáveis asas.
Me faça flutuar na tua inebriante doçura.
Perfuma-me com tuas fragâncias alucinantes.
Vai minha paixão.
Enjaula minha força meio bruta.
Expõe as garras do meu melhor enternecer.
Vai, derradeira no caminhar evolutivo.
Minha paixão sem crivo.
Simplesmente vai minha paixão.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Agora

Agora entendi.
A graça não está em ti.
Mas no meu jeito de te compelir.
Agora senti.
Que o teu desejo não vem me possuir.
Eu que decido se vou ou não te engolir.
Agora sorri.
Suas palavras ainda me fazem rir.
Mas não me elevam a ti.
Agora estou aqui.
Tentando te advertir.
Que pra sempre eu não estarei aqui.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pedacinho

Não sou a Doninha de ninguém.
Mas meu café é forte e quente.
Como um caloroso envolver de braços.
Não gosto de subterfúgios sentimentais.
Mas sei fazer suspiros.
Doces como um suave beijar.
Não vivo sem a (minha) verdade.
Mas adoro duas cores.
Não de Almodóvar mas de Frida Kahlo.
Como se escolher já fosse a própria diversão.
Não pedir nada, não é a intenção.
Mas se encantar com a iniciativa própria.
Aquele coladinha a um pulso forte.
Não passo por cima de princípios.
Mas gosto de construir vínculos.
Como quem costura uma colcha de retalhos.
Não sou perfeita pra ninguém.
Mas me encaixo no amor de qualquer um.
Como a calda do pudim.
Não me convenço normalmente.
Mas meu olhar tem a inocência de uma criança que não mente.
O brilho não captura facilmente o meu olhar.
Mas adoro fechar os olhos e cantar.
Como se todos os males eu pudesse espantar.
O mesmo que engolir o mundinho todo pra acabar.
Não faço gênero pra agradar ninguém.
Mas posso esquentar a ponto de queimar.
Como se medir o poder fosse melhor que o próprio ato.
Não me sinto melhor que ninguém.
Mas faço força pra ser sempre o meu melhor.
Como se competisse com meus vários eus.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nào consigo lamber tua sinceridade.

"Faço "perguntas sem querer ouvir as respostas correspondentes.
Explicações são vagas, é fato, não tentes.
Não consigo lamber tua sinceridade.
Vejo fichas no veludo verde, mas é um jogo perdido.
O croupier já fechou as apostas, não tinha percebido?
A vida é feita de tentativas sim, mas eu faço as escolhas.
Seu açúcar não basta para minha receita.
Eu ainda sigo algumas regras e costumes.
O que vc não mistura, pra mim já nasce misturado.
Porque o meu amor ás vezes é inventado.
Ta a fim de se distrair?
Então pára de tentar medir o sentir.
Medidas são corretas, perfeitas demais.
Prefiro ultrapassar, quebrar essas tais.
Faço espaços pra vc se expandir.
Mas não tentes me iludir.
Não consigo lamber tua sinceridade.
Meus olhos já compraram uma versão tua.
Minha transparência rouba teu fôlego.
Sei ser forte e suave, mas não alimento ego(s).
O que pra vc vem juntar e cobiça o teu olhar.
Pra mim sacia e depois faz separar.
Não faço perguntas.
As respostas não convencem e são muitas.

sábado, 16 de agosto de 2008

Meu decassílabo

Ás vezes sinto vc chegar
Respirando quente á me perturbar.
Sorriso escorregando.
Olhar de peixe morto me desmanchando.
Ás vezes gosto de te sentir.
Como se nada mais pudesse me afligir.
Mãos seguras.
Um pensamento forte que me leve ás alturas.
Ás vezes só te olhar vem me bastar.
Aquele decassílabo solto a tilintar.
Fração do meu prazer.
Não é pra ninguém entender.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sentir-não sentir

Cansada do fácil e do difícil.
Até o prazer escorreu pelo ralo da pia.
O espelho não me assusta mais, nem que eu ria.
Mesmo com expressões forçadas, sentimentos enlatados.
É um sentir-não sentir assim meio encravados.
Um olhar buscador de coisas, pessoas sem nome.
Ë um minuto comprido de fome.
Poderia devorar quadros, filmes e livros.
Mas isso basta pra nos sentirmos vivos?
É a falta de palavras pra definir que me toma.
Queima minhas vontades.
Retalha meu desejo.
Aplica em minutinhos na minha veia, é o que bem vejo.
Aquele minutinho comprido de fome, de vontade de saciar.
Depois satisfeita ou não tudo tende a passar.
Porque é um sentir-não sentir estuprador.
Derruba água na dor e sangue no amor.
Arranca os botões da blusa que eu venha vestir.
Rasga a calça, corta o íntimo e o usual.
Mas não fica tudo á mostra, portanto não tem mal.
Ta somente aqui a me desconstruir.

Sozinha no meio das pessoas

Sozinha no meio das pessoas.
Sempre pensante..
Ás vezes andante.
Sinto a rajada do vento da liberdade.
Um descomprometimento talvez da chegada de certa idade.
Sozinha, e no meio das pessoas.
Olhando pro horizonte.
Não me vejo, só pessoas, e aos montes.
E eu?
Onde estou?
De que jeito ficará, ou ficou?
Sozinha.
Passando pelas pessoas.
Um sentir rápido e grosseiro me sacode.
E tantas coisas vem á tona...e um imenso me invade!
Não tem equilíbrio, não tem medida.
Sozinha, talvez perdida.
Sem água pra rolar no rosto, na garganta, na pele.
E as pessoas?
Não podem estar.
Espaço que não vem me bastar.
E nada pode ocupar.
É a falta que não se pode preencher.
Sozinha no meio das pessoas é o que posso dizer.
Não posso explicar o que sinto, só conto pra alguém, qualquer um, saber.
Pessoas-sozinha.
Nada pequeno, nada de " inha".
o sentimento sim como uma linha.
Tênue e rapidamente possuído.
Vícios, culpas, novos modelos, e gritos.
Escuto, leio, mas não imito.
Respirando um futuro.
Que eu costuro agora, pra não ter furo.
Pra não ter remendos nem alinhamentos.
Só as decisões dos meus momentos.
Sozinha no meio das pessoas.
Tentando navegar com proa.
Pedindo aos céus pra estar numa boa.
Sozinha.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ensinamentos

Esquecer o passado é apagar.
E o que machucou, machucado está.
Pode-se fazer força e deixar de lembrar.
Talvez esse seja o primeiro passo para perdoar.
Tentar pôr em prática os ensinamentos do Divino.
A boca se abre e falácias de uma suposta fé todos vem dizer.
Acreditar e se tornar um ser humano melhor é o que quero ver.
Dar o grande salto para a construção de um novo caminhar.
O restante já feito só o Criador irá julgar.
Esquecer o passado é mentir.
Dizer que não existem feridas é fingir.
A morte não precisa trazer só dor.
Mas consciência de que precisamos de mais união e amor.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Gosto

Gosto daquele gostinho final da sobremesa.
Ver o pô-do-sol sentada na mesa.
Espreguiçar bem longo ao acordar.
Ver um bebê sorrir e me encantar.
Gosto de abraços apertados.
Respirações no ouvidos, nós calados.
Não sentir o tempo passar num papear.
Essências no corpo, um bom relaxar.
Gosto de ver a chuva no vidro escorrer.
Um beijo com vontade entre eu e (talvez) vc.
Café quente no entardecer.
Aprender importâncias pra amadurecer.
Gosto de ler incessantemente.
Ter sonhos e pensamentos indecentes.
Caminhar pela areia fina no verão.
Acreditar em pequenas felicidades sem ilusão.
Gosto de ver as entrelinhas.
Sentir que vc esteve por algum momento na minha.
Escorregar de vez em quando nas futilidades.
Acreditar que para se apaixonar não tem idade.
Gosto de ter gostos, e manias.
Fechar os olhos nas ventanias.
Arrepiar no outono com o pisar das folhas secas.
Gosto do simples e do complicado.
Do (momento) falante e do calado.
Gosto simplesmente de gostar.
Porque faz muito mal odiar.