quarta-feira, 21 de março de 2007

Pequena África e Tia Ciata

A mais famosa de todas as baianas foi Hilária Batista de Almeida, a famosa Tia Ciata, relembrada pelos cantos do samba na avenida carioca.
Nascida em Salvador em 1854 em dia de Sto Hilário, seu apelido foi celebrado em colônia no Rio de Janeiro, quando chegou com 22 anos de idade. Há diversas controvérsias no tocante ao seu nome, mas nada importante para essa grande figura de espírito tão forte.
Grande doceira começou a trabalhar em casa e vender nas ruas diante dos seus sólidos conhecimentos culinários; primeiro na rua Sete de Setembro, depois na Carioca e sempre vestida de baiana, coisa que logo se tornou sua característica marcante.
Casou-se com João Batista da Silva que cursou a escola de medicina na Bahia, sendo essa relação importante para ascenção social de Ciata no meio negro. Deste casamento nasceram 15 filhos, mulher de fibra e grande iniciativa, Ciata fez de sua vida um trabalho constante e se tornou tanto parte da tradição carioca como das baianas quituteiras ( atividade esta com forte apelo religioso). A baiana "agradava" seus orixás, colocando doces no altar, de acordo com o santo homenageado; em seguida seguia para seus pontos de venda com sua vestimento característica ( panos, turbantes, cordões e pulseiras). Suas especialidades aguçavam os olhos, como bolos e manjares, cocadas e puxas, brilhando misticamente com suas cores e exalando qualidade.
Ciata era festeira e suas "festas de santo" sempre comemoradas em sua casa na praça onze depois da cerimônia religiosa ( e antecedida da missa cristã) era regada de muito pagode. Cantando com grande autoridade, as festas de Ciata desdobravam-se em dias, e sempre com grande diversidade de comida para que o samba não morresse. Infelizmente a polícia vivia atenta a estas festas, pois na época eram consideradas de grande perigo as reuniões dos negros, pelo seu conteúdo de samba e candomblé ( atividades consideradas primitivas).
Mas mesmo assim as festas de Ciata ganharam "status" e se tornaram local de afirmação de negros, acontecendo atividades diversas contendo trabalho e dança. Além de vender doces Ciata passou á vender e alugar roupas de baiana feitas pelas negras, com requinte para teatro e bailes de Carnaval.
Seu marido faleceu em 1910, mas Ciata continuou no trabalho dos doces e com seu bom humor.
A alta sociedade passou a conhecer a famosa Tia Ciata, e assim passou-se a frerquentar sua casa, atrás de consultas dos feiticeiros africanos. Começa-se a questionar como será a relação das brancas e dos negros, já que era necessário ter um aprendizado entre todos. Jornalistas cobriam os encontros com certos limites citados por brancos e pela época.
Ciata cresce e muda de casa,adquire empregados, tudo com a venda de doces e roupas, aparece nesta época também a primeira geração de músicos como Pixinguinha, Donga, João da baiana, Heitor dos prazeres e os instrumentos também se renovam aparecendo tamborins, agogôs, surdos e etc.
Nas festas em torno de Carnaval, Ciata passa a sair com sua família nos ranchos ( corporativas) já que bordava as roupas, confeccionava ornamentos e criava enredos e músicas.Nesta fase Ciata passa a ser reverenciada, e reconhecida como grande figura.
Chama-se por esta e tantas outras figuras, Pequena África, o reduto do samba, pagode, candomblé e festa, mas não seria pergunto eu Grande África?

segunda-feira, 19 de março de 2007

TRABALHO

Aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um fim determinado, remunerado ou não. Esta é a definição do Aurélio. Pergunta: trabalho é emprego? Resposta: não. Emprego denomina-se cargo, aquele local onde se tem o trabalho. Trabalho não é satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades segundo Karl Marx. Segundo Aristóteles precisava-se mais que o trabalho para construir uma vida auntêntica e ser auto suficiente, pois não se pode ser livre e independente das necessidades e privações humanas. E os ricos e bem nascidos onde ficam nesse conceito de necessidades e mais ainda privações? Então a definição de "necessidade de labuta" só se encaixa aos menos favorecidos? Quem deve, merece e precisa trabalhar???????????? Falar de trabalho lembra o conceito de ócio: "descanso de trabalho, lazer" E porque ócio no conceito popular é sinônimo de preguiça? Oswaldo de Andrade dizia que ócio tem significado etimológico de divertimento por si só. Assim conclui-se que esse ócio negativo, visto por aí é um conceito alienado, distorcido. Aquele que embrutece o "homem" no seu tempo. No trabalho agrícola, o tempo de trabalho quase não é medido, ou simplesmente feito de regras pelas plantações e suas colheitas. Já no trabalho industrializado ou das cidades grandes se tem o relógio que irá medir não só o tempo de trabalho mas o de "ócio" também e com certeza vivemos em função desta palavrinha: TEMPO. Trabalho não remunerado é considerado trabalho, diversão ou lazer?A sociedade vê com certo pré conceitos neste ponto. Ongs, voluntariado, orgãos públicos são exemplo. E os serviços domésticos?trabalho? O que define trabalho na atualidade? atividade intelectual apenas? esforço braçal? aquele que é remunerado?

JUÍZOS INTUITIVOS

"Guardar alguma coisa não é escondê-la ou trancá-la Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Estar acordado por ela estar por ela ou ser por ela" ANTONIO CÍCERO "Dizes-me: tu és mais alguma coisa que uma pedra ou uma planta dizes-me: sente, pensas e sabes que pensas e sentes então as plantas têm idéias sobre o mundo? sim: há diferença Mas não é a diferença que encontras; porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as coisas só me obriga a ter teorias sobre as coisas só me obriga a ser consciente se sou mais que uma pedra ou uma planta? não sei sou diferente, não sei o que é mais ou menos ter consciência é mais que ter cor? pode ser e pode não ser sei que é diferente apenas ninguém pode provar que é mais que só diferente sei que a pedra é real, e que a planta existe sei isto porque elas existem. Sei isto porque os meus sentidos mostram sei isto porque os meus sentidos mostram sei que sou real também." FERNANDO PESSOA Hj as palavras destes versos dizem td que realmente quero dizer,e não só expressam,mas fazem pensar não só no significado, mas em td que representa.

terça-feira, 13 de março de 2007

TV

A TV foi criada para imitar o rádio, mas com a vantagem de ter imagens, como disse Chateaubriand: "uma máquina que influenciaria á opinião pública dando asas á fantasia". Com Roquette Pinto a TV fugia dos moldes da propaganda e caía na malha da arte e da ciência, isso na dec. de 1920. Se extinguia a propaganda para seguir nos modelos norte americanos, podendo ser apenas mencionados os patrocinadores. Mas a legislação brasileira permitiu a introdução da propaganda em 1932, onde somente 10% da propaganda podia ser de tal gênero, era a brecha que o Governo precisava aberta por Getúlio e lá se ia o sonho de Roquette Pinto, sobreviver pela rádio MEC. O Governo decide que concorrer é saudável, e abre-se o espaço para o famoso modelo comercial de televisão ( isso no final dos anos 60). Em resposta surge a censura e os padrões de qualidade ( discutíveis). A máquina de fantasias cria ficções não tão irreais assim ao exibir novelas, seriados e afins. Mas a propaganda começa a ter uma nova cara na televisão moderna- a indústria dos produtos fáceis como remédios para emagrecer, ginástica, anti rugas e culinários. E nesta "máfia" os controles de qualidade não interferem, já que grandes percentuais de lucro viriam deste "pequeno" espaço. E a pergunta que não quer calar: e esses padrões de qualidade seguem quais regras? Programas classificados por faixa etária que são baseados em que? A sociedade de 1950 tinha um certo recato e porque não inocência nos programas televisivos. E porque as novelas de época fazem tanto sucesso nos dias de hoje? Como avaliar qualidade na atual vida televisiva da sociedade moderna? o que é considerado adequado para os atuais moldes? Sem contar a concorrência de audiência das emissoras, abusando dos meios vulgares e de uma disputa desleal pela atenção do telespectador que dedica boa parte do tempo em frente a esse aparelho, só perdendo para o computador. E o rádio não foge da área comercial, com propagandas, anúncios, vendas e os famosos jabás. Onde até a indústria musical sofre com os cortes e espaços cedidos aos representantes comerciais. A TV é realmente pública ou apenas mais um veículo comercial dos anunciantes?

segunda-feira, 12 de março de 2007

Violência Imaginária

Contrário ao Direito a violência é uma força daqueles que agem por ímpeto, daqueles que são irascíveis. Exteriorizadas são os que estampam todos os jornais diariamente em nossas vidas; mas a violência imaginária talvez seja o problema do século. Aquela que afeta toda a sociedade se não for tratada, controlada e até extirpada de alguns indivíduos. Esse tipo de violência tem obviamente ligação com o comportamento da vida real e social vivido. Não se pode descartar que a vida levada neste século tem "adoecido" muitas mentes; e não estou citando fator econômico pois há diversos casos que iriam colocar á baixo essa hipótese de pobreza como fato gerador. Miséria, fome e desemprego deixaram a muito tempo de ser índices determinantes de crimes na sociedade. Existem teses a respeito de que diversas manifestações dessa violência imaginária viria do funcionamento deste imaginário que incapaz de figurar tudo que vê é compelido a intervir; e como numa descarga sai um ato vazio de pensamento, complicado? nem tanto. Um ato vazio de pensamento, é quase um ato contra o pensamento como a reação ao vazio, totalmente irreflexo. Há ausência de pensamento, de reflexão gera atos de violência imaginária e desta forma um mal. Uma sociedade permissiva e com tantas contradições punitórias no sistema criminal, só tende a refletir isso com incidentes onde só causam espanto popular. Dentro de imaginário existe os registros psíquicos, as imagens que partem da experiência e o próprio domínio. Quando se busca conhecimento se engrandece os pensamentos, fortalece e satisfaz temporariamente, pois achamos uma "verdade", uma significação, um sentido. Mas como essa busca nunca se estabiliza, a cada "encontro" se satisfaz e volta-se a buscar, intermitentemente, outrossim o pensamento continua. Esse pensamento se distorcido por diversos distúrbios provocará movimentos, ações também distorcidas e porque não violentas. A vida descartável e supérflua com a "ajuda" das drogas. Se o pensamento já se distorce no vazio, com as substâncias alucinógenas se perdem. A sociedade doente reflete a violência! O uso das drogas como subterfúgios de consciência e busca do prazer são os "motivos" mais alegados pelos usuários, mais eis a outra pergunta que não quer calar: não seria outra manifestação de violência imaginária?

quinta-feira, 8 de março de 2007

Ética (Segunda parte)

Ainda no assunto da moral, temos os valores, e para definir que valor moral damos aos atos humanos, é preciso definir: o que é valor? Quando se fala em valor logo se atribui beleza, justiça e bondade; assim como aspectos negativos no outro pólo como maldade, injustiça etc. Valor é aquilo que se atribui às coisas, ou aos objetos, ocupando um cargo importante na conduta moral deste ser humano. Os valores não existem em si, mas sobre as entidades reais ou irreais, possuindo assim valor. Ser bom é um valor? é moral? O que é ser bom? Bom de forma geral significa indicar como certo vários atos humanos, onde consideramos valiosos. Definir o que é bom, quase que implica em definir o que é mau. Hoje em dia bom é aquele que concorda com a natureza de forma universal. Aquilo que entra em contradição com os interesses de uma sociedade é considerado mau, e aí entra o senso de coletividade, deixando de lado os interesses pessoais. Mas o que é bom para uma sociedade, certamente pode não ser bom para outra. Os interesses individuais sempre se misturam nesses de coletivo. A idéia de que o bom é a felicidade (eudemonismo) é arrastado ao longo do tempo,mas será que felicidade é somente o que é bom? Na filosofia pensava-se que bom também poderia estar na razão, conseqüentemente se era feliz, tendo intrinsecamente ligado a isto condições de liberdade e segurança econômica. Assim a felicidade (sempre boa) estaria reservada a uma parcela pequena da sociedade. Com a era cristã a felicidade somente era obtida no céu, pois seria a abstenção de qualquer valor econômico, e infelicidade terrena. Esse conteúdo concreto jamais pode ser separado do conceito de bom ou da própria felicidade. A sociedade classificada de privada, e constituída na propriedade privada jamais pode ou deixará de constituir a própria felicidade no "espírito de posse".Você vale aquilo que tem e não o que é. Desta forma torna-se impossível a obtenção da felicidade como sentimento abstrato. Há ainda a definição de que só se tem o "bom"pelo prazer ( hedonismo). Assim deve-se buscar o máximo de prazer para se ter o bom. Embora se aceite que o prazer é bom, questiona-se o mau como forma de prazer e cai por terra assim a idéia de que prazer somente se obtém pelo bom( vingança por exemplo).Mas o bom aqui não é o bom "físico"e necessariamente nada tem a ver com conceitos morais. A virtude se relaciona de perto com o valor moral e o seu contrário temos o vício. Significa capacidade, ou potência moral, disposição de agir de modo moralmente válido. Um ato moral vago,isolado e esporádico não pode ser considerado virtude. Do ponto de vista moral o ser humano deve estar sempre preparado moralmente. Desde os tempos antigos virtude está ligado ao bom e a moral, mas caiu em desuso na modernidade. No mundo atual define-se virtudes como humildade, resignação, caridade, cooperação, solidariedade, lealdade, modéstia,etc. Tornaram-se "fora de moda", ou seja fora do contexto social vivido. Somente irá aparecer as virtudes, assim como os vícios, de acordo com o meio em que está embutido.

terça-feira, 6 de março de 2007

I Parte:
Podemos considerar bom o homem que dá uma esmola a um mendigo? E aquele que nunca mente dizendo sempre a verdade? Aquele que procura fazer o bem e suas conseqüências são prejudiciais àquele que pretendia favorecer, deve ser julgado como quem age corretamente do ponto de vista moral? Trata-se aqui de pessoas com necessidades de enquadrar seus comportamentos em "normas" estas de sociedade, ou morais. Julgar vem do juízo e este se equilibra nas normas de conduta que este ou aquele indivíduo acha ser o "correto". Recorrer a ética para solucionar os problemas diários afim de se ter uma "melhor ação" é inútil. Não cabe a ética definir o que é um bom ato, a este cabe a consciência de cada indivíduo. Aliás definir o que é bom é muito complexo, já que a ética somente se restringe ao que se deve ou não fazer, jamais classificando os atos de bons ou ruins. Os homens sentem a necessidade de julgar e justificar seus atos durante a vida, formulando desta forma juízos de aprovação ou reprovação. A este campo a metaética se dedica. Quando a ética recai em definir o que é bom, se recusa a encaixar o bom , naquilo que satisfaz o interesse pessoal, rejeitando assim qualquer comportamento egoísta. A função da ética é simples: explicar, esclarecer, ou investigar uma realidade, elaborando os conceitos que correspondem. Cabe dizer que explicar do que é difere de uma simples descrição. Ética não cria moral! A ética se apresenta diante de uma série de práticas morais já existentes, querendo determinar uma essência. Teoria do comportamento humano simplesmente. Moral significa costume, conjunto de regras, comportamentos adquiridos. Ética significa modo de ser, caráter. Existem 3 regras fundamentais em relação a moral: - Deus e a moral: o homem julga que "essas regras de comportamento"( a sua moral) está ligada a Deus e não a ele próprio. - Natureza e a moral: A conduta deste homem e a sua moral vem de uma forma natural quase biológica, tendo origem nos seus instintos. Aqui temos inclusive as teorias de Darwin - Homem e a moral: Aqui trata o "homem"de forma ampla e define este ser como dotado de uma moral que transcende o tempo. A moral tende a ser transformada em moralidade, que é a moral em ação, praticada. Assim cabe explicar que a moral também discorre em 2 planos: o normativo, aquele onde "essas normas" regulamentam o indivíduo; e o factual, onde "essas normas" agem no campo dos atos humanos regulamentados por ele. Outrossim a essência moral deve ser procurada nos dois campos. Um ato moral sempre está sujeito a sanção, ou seja punição. Se este ato não podia ser evitado, ou suas conseqüências não tinham previsão, do ponto de vista moral, não é certo, não é moral. O motivo que faz esse ser a praticar tal ato, é o que irá justifica-lo mas não torna-lo com significado moral. Todo ato tem uma finalidade específica e no ato "comum"tende a se atender um interesse pessoal; no ato moral se antecipa um resultado que realmente quer alcançar, esse é o pressuposto fundamente: a consciência do fim.Atos que se referem a um fim,mas são inconscientes e involuntários, não são morais. Certifica-se que aqui para realizar um ato moral o sujeito tenha de ser um indivíduo moral. O motivo não irá caracterizar o ato como moral, mas é preciso te-lo para agir.

domingo, 4 de março de 2007

Paixão

Segundo Jung é na solidão que encontramos o que há de melhor em nós. De alguma forma buscamos no outro respostas para nossa própria existência. E é na paixão que vivemos o que há de melhor segundo especialistas. Apaixonar-se é enlaçar-se, encantar-se por outro. Paixão tem vários significados:" sentimento ou emoção levados a grau de intensidade.Amor ardente.Entusiasmo muito vivo.Vício dominador.Desgosto, sofrimento" aqui é tradução do Aurélio; mas também pode ser: " afeição, afeto, ardor, sentimento, fogo, chama, rabicho" e neste casos são sinônimos. Assim apaixonar-se trás sofrimento, pois se deseja com entusiasmo, algo ou alguém. E o segredo do afeto é se bastar, sendo esse "bastar" insatisfeito procura-se em outro lugar ou de outra forma, como por exemplo na comida. Escolher o que se quer, o que se deseja é uma forma de prazer, aquilo que nos é imposto simboliza a falta do desejo. Lacan dizia que o desejo deve ser adestrado já que arde sem fim, mas a falta de um objeto propulsor leva ao desejo também, mas a um desejo transgressor, anárquico.A vontade também é um desejo,mas que tem um fim já determinado, "dá e passa". Para ele não existe entrega e sim captura. Esta captura de seres nunca pode ser feita ao mesmo tempo, o que leva ao desamor, onde a imagem de alguém será arranhada. Mas sempre tem de ter um " capturado".Espera-se do outro aquilo que você queria ser, e espera-se arder até o fim porque neste fim você será outra pessoa. A destruição de um ser ( a si próprio) para no fim tornar-se outro. Já Freud dizia que amor não existe somente a paixão, e esta era a doença do mundo. Tudo que o corpo determina na alma, é a paixão para Descartes. Santo Tomás, Spinoza, Rousseau, Montaigne entre outros definia paixão como apetite cego e indomável que perturbava a reflexão, o raciocínio, e o julgamento. Sinônimos para um bom entendimento: conquista: "dom, vencer, subjulgar, submeter, avassalar, sujeitar, dominar, tomar, adquirir, obter, alcançar". fogo: "labareda, chama, lume, incêndio, calor, energia, veemência, brilho, entusiasmo, agitação". avassalante: "dominador, domar, conquistador, render, submeter, seduzir". Amor e paixão são sinônimos somente morfologicamente, enquanto sentimento são diferentes e até cientificamente falando. Paixão arde, queima como fogo, e é chama como diz o poeta, dor que desatina sem doer; e se é fogo, também significa calor porque paixão é quente e esse sentimento precisa de energia, agitação, queimar e arder com veemência. O tédio e a mesmice irão sufocar toda essa chama que tem luz própria, que domina a razão e conseqüentemente você, te faz render-se aos seus movimentos, seduz e submete. E se razão é: "inteligência, entendimento, juízo, tino, raciocínio" , isso é fácil de concluir que paixão te deixa burro, tira seu tino, seus entendimentos; e é por isso que se diz que os adolescentes são apaixonados porque lhes faltam o juízo. Mas seria a paixão um arroubo só dos jovens? Tirar o nosso juízo, nossa inteligência é o mesmo que nos tornarmos bobos, ridículos e se bobo é um tolo, idiota, palhaço ( sinonimamente falando), apaixonados são palhaços do amor? tolos sem razão, sem juízo que se queimam, num misto de afeto, amor e entusiasmo, com dor, já que é chama e também incêndio. E como um sentimento tão pequeno (ou grande) nos avassala de forma tão violenta? e se psicologicamente amor não é paixão, e sim um sentimento nobre e desprendido, a paixão será atadora, aquela que captura, que te encarcera, aprisiona. Prender significa: " atrair, cativar, seduzir, fascinar, inquietar, afeiçoar" A frase filosófica: " você é responsável por tudo aquilo que cativas" seria o mesmo que dizer que você é totalmente responsável por se fazer apaixonar, por fascinar, por inquietar e atrair outrem. Então voltamos ao início onde costumamos dizer que a paixão nos "pegou" de surpresa. Sentença incorreta e incoerente....somos responsáveis sim, por espalharmos um brilho por onde passamos, onde aprisionamos gostares, corações inquietos, fascínios e ainda por furtos de inteligência. E será desencadeado um furacão de outros sentimentos como saudade que significa também: " suspiro, nostalgia, perpétuo" ; assim você vai suspirar pelo objeto capturado, e ele será perpétuo na sua vida, te trazendo nostalgia ao passar os anos. Desencadeará desejo, que é : "anseio, aspiração, vontade, apetite, cobiça, febre, gana, sede". Essa "doença - sentimento" chamada paixão também vai te fazer você sentir fome e sede dos sentimentos mais diversos do outro, te tomará como uma febre sem fim, cobiçando e aspirando um horizonte futuro e se isso um dia tiver fim caindo no abismo do término, é sinal que você ficou frio, com juízo, inteligente; mas com certeza sem brilho, sem energia, sem fascínio, um verdadeiro perdedor, já que simples é a conquista, pois é com ela que se adquire esse dom, e todos nascemos com esse privilégio, que se torna faculdade podendo ser exercida ou não!