A mais famosa de todas as baianas foi Hilária Batista de Almeida, a famosa Tia Ciata, relembrada pelos cantos do samba na avenida carioca.
Nascida em Salvador em 1854 em dia de Sto Hilário, seu apelido foi celebrado em colônia no Rio de Janeiro, quando chegou com 22 anos de idade. Há diversas controvérsias no tocante ao seu nome, mas nada importante para essa grande figura de espírito tão forte.
Grande doceira começou a trabalhar em casa e vender nas ruas diante dos seus sólidos conhecimentos culinários; primeiro na rua Sete de Setembro, depois na Carioca e sempre vestida de baiana, coisa que logo se tornou sua característica marcante.
Casou-se com João Batista da Silva que cursou a escola de medicina na Bahia, sendo essa relação importante para ascenção social de Ciata no meio negro. Deste casamento nasceram 15 filhos, mulher de fibra e grande iniciativa, Ciata fez de sua vida um trabalho constante e se tornou tanto parte da tradição carioca como das baianas quituteiras ( atividade esta com forte apelo religioso). A baiana "agradava" seus orixás, colocando doces no altar, de acordo com o santo homenageado; em seguida seguia para seus pontos de venda com sua vestimento característica ( panos, turbantes, cordões e pulseiras). Suas especialidades aguçavam os olhos, como bolos e manjares, cocadas e puxas, brilhando misticamente com suas cores e exalando qualidade.
Ciata era festeira e suas "festas de santo" sempre comemoradas em sua casa na praça onze depois da cerimônia religiosa ( e antecedida da missa cristã) era regada de muito pagode. Cantando com grande autoridade, as festas de Ciata desdobravam-se em dias, e sempre com grande diversidade de comida para que o samba não morresse. Infelizmente a polícia vivia atenta a estas festas, pois na época eram consideradas de grande perigo as reuniões dos negros, pelo seu conteúdo de samba e candomblé ( atividades consideradas primitivas).
Mas mesmo assim as festas de Ciata ganharam "status" e se tornaram local de afirmação de negros, acontecendo atividades diversas contendo trabalho e dança. Além de vender doces Ciata passou á vender e alugar roupas de baiana feitas pelas negras, com requinte para teatro e bailes de Carnaval.
Seu marido faleceu em 1910, mas Ciata continuou no trabalho dos doces e com seu bom humor.
A alta sociedade passou a conhecer a famosa Tia Ciata, e assim passou-se a frerquentar sua casa, atrás de consultas dos feiticeiros africanos. Começa-se a questionar como será a relação das brancas e dos negros, já que era necessário ter um aprendizado entre todos. Jornalistas cobriam os encontros com certos limites citados por brancos e pela época.
Ciata cresce e muda de casa,adquire empregados, tudo com a venda de doces e roupas, aparece nesta época também a primeira geração de músicos como Pixinguinha, Donga, João da baiana, Heitor dos prazeres e os instrumentos também se renovam aparecendo tamborins, agogôs, surdos e etc.
Nas festas em torno de Carnaval, Ciata passa a sair com sua família nos ranchos ( corporativas) já que bordava as roupas, confeccionava ornamentos e criava enredos e músicas.Nesta fase Ciata passa a ser reverenciada, e reconhecida como grande figura.
Chama-se por esta e tantas outras figuras, Pequena África, o reduto do samba, pagode, candomblé e festa, mas não seria pergunto eu Grande África?
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