Nostalgicamente lembrei do gosto das minhas ilusões.
A grande sílaba das minhas paixões.
O tilintar doce de tudo sob minha visão.
Como tudo era carregado de emoção!
Ah, tempo traiçoeiro.
Ladrão.
De tola sonhadora virei pobre mortal.
Acredito até no mal!
Tempo cruel.
Carrasco infeliz de fel.
Estou pobre.
Nostalgia de vivacidade juvenil me consome.
O que antes sobrava, derramava, hoje some.
A grande sílaba hoje é o só.
Aquele excesso que hoje virou mero pó.
Ah,tempo atroz.
Porque se porta como bicho feroz?
Insensível.
De tola crédula virei pobre mortal.
É fatal.
Estou pobre.
Resultado dos caminhos percorridos.
E dos desejos moídos.
Lágrimas rasgadas.
Igual páginas de versos esmagadas.
Ah, minha triste dor.
Por ti crio laços de amor.
Culpado Tempo!
Juiz inquisidor de mim.
Beija o início, cospe o fim.