quarta-feira, 27 de abril de 2022

Companheiro papel

 Antes de te colocar nesse papel, pensei mil vezes em como te personificar.

Como expor as minúcias do que vc é, representa e causa em todo o meu manifestar.

Transformar essa grande massa em corpo, figura física sem expectativas e decepções.

Se eu mesma vivo a voar nas minhas delirantes emoções.

Quando penso em transformar-te em alguém, fica mais difícil que transcrever o que sinto.

Loucura pensar que o sentimento é menor que a tua carne.

E que me adianta pensar nas mais pequenas idiossincrasias vale? 

No fim das contas a imensidão de você me invade, rouba e arde.

Impossível te armazenar em espaços.

Nem mesmo a idealização de um ato cortariam nossos laços.

Antes de você tudo era simples e rabiscado em normalidades.

Papel satisfazia os arroubos da idade.

Quilômetros de megabyte vieram surpreender células, músculos e razão insistia em gritar.

Não cabe, não tem espaço, nem idade, se limite em pensar!

Portanto querido papel como te pintar de você?

Dedos trêmulos tentam engrandecer, fechando os porquês.

A imaginação ri descontroladamente e zombeteiramente.

Que audácia dessa menina indolente!

Antes de te colocar no papel tento reunir todas as páginas como estrelas no céu.

Só consigo sentir meu companheiro papel.




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