terça-feira, 25 de maio de 2010

Coração

Vou colar os pedaços.
Ser inteiro novamente.
Vou pulsar solto e integral.
Vai parar de doer em vc.
Bater só em mim.
Nunca original mas unissono.
Não querendo ser ouvido.
Mas sossegado no âmago.
Vou colar os pedaços como sempre.
Suplicar quietude sem tristeza.
Vou ser inteiro novamente.
Mesmo com rachaduras vorazes.
Feridas mordazes.
Sussurrar remédio ás escarras.
Pedir trapos ao sangue.
Vou voltar ao ritmo pulsante.
Bater só dentro de mim.
Sair de vc.
Vai parar de escorrer.
De me corroer.
Vou ser de mim novamente, prometo.
Vou colar estilhaços cuidadosamente.
Derramando lágrimas vagarosamente.
Mas vou ser inteira.
Vai parar de doer sobre vc.
Arrancarei raízes plantadas involuntariamente.
Teus sorrisos da minha mente.
Farei de ti mil pedaços.
E assim colarei os meus cacos.
Expurgarei seu cheiro,seu gosto, sua sensilidade.
Vou colar os pedaços.
E do teu resto sobra um desfazer.
Amaldiçoar e não agradecer!
Não associar vc ao meu querer.
Voltarei a ser inteiro.
Completo e repleto de mim mesmo.
Sofrido e sofredor.
Amante só da solidão.
Vou colar os pedaços como nunca colei.
Pra não sentir o que de ti roubei.
E jamais perder o que guardei.
Vou ser inteiro certamente.
Cuspir juras melosas.
Dizer que amor rima com dor.
Não colarei romances nem sonhos.
Deixarei apenas o sal da realidade.
Catarei em algum canto o meu inteiro.
Serei completo.
Andarei sem suspiros ou abalos.
Nem ao menos brilho no olhar.
Colarei pedaços para andar.

2 comentários:

(marta silva) disse...

adoro tua intensidade..

Sara S. disse...

Que lindo poema!...
Pena que seja sofrido, sentido. Pena que realce a dor e não o amor. Mas se é o que custa para ser alguém de novo, que se colem os pedaços com o menor pesar possível.
Beijinhos.