domingo, 25 de fevereiro de 2007

No dicionário tem a seguinte definição: "os 3 dias que precedem a quarta feira de cinzas, dedicados á sortes, diversão, folia, folguedos". Assim como carnavalesco significa "do carnaval", também vem a definição de "grotesco". E essa data festiva também torna-se assim um termo pejorativo, algo para qualificar alguém de forma ruim. Mas carnaval é de certa forma uma catástrofe como diz o antropólogo Roberto Damatta...mas com significado positivo claro. O mundo para, as pessoas param, tudo para "pular", descarregar, despejar todas as preocupações; liberar as energias, e com isso absorver as alegrias para uma nova "vida". Troca-se o dia pela noite, o uniforme pela fantasia, os passos pela dança, a obrigação pelo prazer...torna-se onipotente, pois adquire-se uma liberdade jamais sentida em nenhuma data festiva. Sim abre-se exceção para talvez no ano novo, mas ali reveste-se de um enorme sentimento de esperança, talvez maior que esta própria liberdade sentida, no virar da meia noite. Exibe-se uma enorme sinceridade já que ninguém vai "curtir o carnaval" sem gostar, sem querer; mas não se pode livrar do sentimento de competição, e da "idiota" hierarquia social. Sim, pois até nesta festa livre existe a competição das escolas divididas em grupo especial e de acesso. E a hierarquia prepondera tanto nesta classificação quanto na formação da própria escola, que apesar de ser de moradores de comunidades carente, escolhem madrinhas de bateria celebridades das novelas globais, e apresentadoras de programas. Que momento único na vida do cidadão, o carnaval, desperta. A coragem de assumir vontades, a sensualidade, a alegria. E os camarotes das marcas de cervejas disputam a tapa essas "pessoas" famosas que simbolizam o poder, o luxo, a alegria, o famoso bordão :"gente como a gente" em pessoa. Esse ano viu-se a volta mais forte do que nunca dos blocos de rua....algo que era considerado demodê ( antiiiiiiigo) para os moderninhos acostumados as raves do século21. Bairros de todas as zonas disputaram foliões, amontoando assim com as marchinhas aqueles mais afoitos, e dispostos a "liberar geral" e outros mais comportados exibindo inclusive fantasias, máscaras, e outros adereços. Até os nossos políticos aderiram a farrinha considerada feriado no nosso calendário.Porque pasmem eles também tem esse direito, além dos tantos outros que nós conhecemos. O jornal o globo teve a brilhante idéia de mostrar numa notinha que ainda se preza a boa qualidade de nossos calçadões, e principalmente a saúde olfativa de nós pobres cariocas amedrontados. Avisou que no sábado seria despejado numa limpeza inédita, litros de eucalipto, afim de retirar de vez o cheiro de xixi, deixado pelos nossos "amigos" apressadinhos pelas ruas durante a folia. Apesar dos banheiros públicos serem instalados, e diga-se de passagem horríveis e com o cheiro pior que o da rua, ainda existem aqueles que preferem a própria calçada. Como se isso só acontecesse no carnaval né? Vai na Avenida Chile perto da Petrobrás ( no viaduto) e de longe na esquina você ou qualquer um irá perceber o que acontece, além dos assaltos obviamente. Falando em assaltos, nessa época também pode-se respirar um pouco pois bandidos, e marginais também pulam nesta folia. Nada que faça você surtar e sair espalhando dinheiro como animador de programa de auditório, mas te dá uma certa liberdade. Se você não tiver "pinta"de gringo e nem girar a câmera digital como Charles Bronson em seus filmes como Paul Kersey; muito menos exibir todos os ouros e brilhantes da família, fique feliz, nessa época pode curtir menos assaltos e homicídios. Opinião ratificada pelo jornal em pesquisas ibope (?), ou quem quer que seja que vai perder tempo pesquisando isso em pleno carnaval.
foto: site uol carnaval.....bloco dos bonecos em Olinda.

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