Pensei em fogo brando
Como quem cozinha um doce de banana.
Nunca me senti liberta para ser assaltada de emoções
Sem avisos, só suspiros e olhos arregalados.
Foi assim que ele me apareceu.
Sem pedir, enfiando suas coisas nas gavetas em plena madrugada.
Espantando passado e soprando poeira do presente.
Colocando mel onde sobrava sal
Em lábios já cansados, tensos, partidos.
E quando nos dermos conta o que será do tempo?
O que será de tudo que ganhou forma e nos ocupa?
Seremos sorvidos pelas emoções de um dos corações?
Seremos expulsos sem orações ou beijo de boa noite?
Você irá sair sem encaixotar pertences.
Deixará seus discos, sorrisos nas quinas do apartamento,
As gentilezas derramadas de cada um dos nossos momentos.
Mas leve-me em sua partida.
Guarde-me em um bolso ou armário qualquer
Como quem têm pena de desfazer-se de uma roupa que lhe foi favorita.
E de vez em quando sorria ao se lembrar como tudo se deu
De todo o descarrilhar jurado de equilíbrio.
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