domingo, 17 de outubro de 2010

Texto

Hoje não tem poesia somente texto.

A casa está vazia.

A poesia passa e escorre.

Como o meu choro cheio de motivos.

Habita as cenas das felicidades momentâneas.

Aquelas que julgo vida.

E nem sob prece eu volto.

Só vejo o silêncio.

Ora preenchedor suficiente.

Ora o corte que dói igual a morte.

Fico tateando a minha lucidez.

Até minha insanidade correu.

E eu onde estou?

Me prendi em algum galho de passado.

Sobraram restos de um eu tão estranho.

Quase pergunto onde eu fui pra ele.

E vive?pulsa?resiste?

De que substância estou abastecida?

As paredes nunca foram tão invisíveis.

Pessoas nunca foram tão iguais.

Caminha uma casca sem nome ou fundamento.

Maldito Saturno.

Beleza da idade, espinho de maturidade.

A casa está vazia.

Tudo e todos saíram sem despedidas.

Perdi o fôlego de mim na saída.

Gastei-me e nem brilho nos olhos restou.

Não posso recomeçar com o que sobrou.

Porque somente há texto.

Falta poesia.