Sonhei comigo embrionária, dentro de um líquido transparente.
Me vi crescendo, movendo as células nesse mexer aparente.
Estava compenetrada, olhos impressionados nesse embrião.
Ainda não sabia que era eu esse grão.
Sequer vi um nascimento ou estado infantil.
Pulei para uma forma adulta, crescida e olhar de quem partiu.
A forma real que assistia, queria partir o líquido como geleira.
Não via um embrião, queria salvar a mulher na teia.
Seu pescoço estava envolvido pelo cordão umbilical.
Mulher feita, seios livres mas em aprisionamento fatal.
Olhos suplicantes, mãos em agonia.
Daquele embrião nada mais se via.
Em minhas mãos um furador de gelo e o medo paralisante.
Como salvar essa mulher parida e suplicante?
Acordei sem compreender quem era este ser.
Embrião, mulher, como saber?
Na aparência nada tinha de mim.
Mas em seu olhar sentia em meus ossos o fim.
Desnuda mas enforcada por um cordão.
Inconsciente mensagem que se destina essa ligação.
E no sonho fica esta mulher em desespero.
Vida real de pé pergunta: sonho porque veio?