quinta-feira, 22 de maio de 2014

Morte a sensibilidade

Porque esse respingo de sensibilidade não morre?
Teima em mostrar-se como criança travessa.
Olha-me com tanta açúcar.
Me estende a mão.
Ensopa meus olhos.
Porque não desiste de mim de uma vez?
Luta para salvar- me com empenho.
Murra as paredes de pedra.
Faz sangrar os poros.
Respira com dificuldade em meus ouvidos.
Porque essa maldita delicadeza não dá adeus?
Deixa-me a mingua da vida simplesmente.
Sem nascer as agudices dos espinhos.
Nem mascarar sob sorrisos os cortes.
Porque mesmo espancada resiste?
E acaricia-me a todo amor.
O mais profundo toque de ternura.
Acolhendo toda a minha bagunça.
Silenciando todos os meus gritos.
Porque não atribui razão ao fim tão certo?
Apagando a luz e esquecendo todo o resto.

Final

Me despeço 
Do último pedaço vivo.
Não adianta soprar.
Vida esvaiu-se.
Excesso de cortes.
Ilimitados choques.
Me despeço.
Agora sem traumas.
Dores normais.
Suspiros mortais.
Me despeço.
Consciente.
Só tenho minha mente.
Dedos a sombrear.
Esvaiu-se.
Rarefez.