Oi.
Não sei bem como começar, confesso. Já te escrevi tantas linhas inúteis,frases feitas, rascunhos de poesias, entrelinhas de músicas; e todas as vezes sinto o mesmo tremor nos dedos, as borboletas se agitam em minhas entranhas.
Como se a expectativa de chegar-te fosse superior a minha própria de escrever-te.
Rabisco a mão, mas meus ouvidos sentem o tilintar da máquina, como na música Bryone de Dario Marianelli.
Já ouviste Dario minha Querida? Deveria, pois é como vc, como nós. Apenas como um fechar de olhos, suspiro de alma aquela melodia "Darcy's letter" ou " The living sculptures of Pemberly".
Todo o meu tempo de amor foi sugado, transportado para outra dimensão pois não cabe nesta vida. Eu mesma me esgueiro nas partes possíveis, me seguro, equilibro. Não posso condenar o tempo, seria como esfaquear- me e gritar com os pedaços indefesos. Minha crueldade não ultrapassa as cercas elétricas do meu coração, vc deve saber.
Fico sussurando ao tempo que experimentar o amor não foi pior que estar longe dele com toda sua possessividade e tormento. Feridas cicatrizam mas jamais deixam de doer latentemente, espetando-te com suas garras afiadas nos momentos desprevenidos do viver.
O tempo é generoso em seu consolo, arruma teus armários, guardando tuas malas de vivência e no fundo, bem no fundo das gavetas as lágrimas. Como quem esconde o mais frágil do olhar alheio em um fundo falso, intocado, imaculado.
Não quero contaminar-te meu Amor, minha Querida, meu Tempo, com nada disso. Eu já estou doente sem fim, sem começo, somente um meio; sem respostas, só com meus dedos simbilantes, quase vivos escrevendo-te.
E fiz e refiz esse caminho tantas vezes que meus pés adormeceram, cansados de tantos passos titubeantes, implorando um " por favor continue".
Ás vezes acho que já conhece tudo isso minha Helena, que já decorou cada linha tênue de mim com tal esmeiro e dedicação que só uma metade pode.
Será que o Tempo zomba de mim neste instante? Gargalha de meu descuido?
Prefiro manter meu apreço por ele minha Querida, assim como por vc e por tudo que construí. Cada tijolo, cada grão de areia desse meu ser pulsante. E não falo do corpo pois este já o perdi, tu bem sabes, mas falo das virtudes, dos gestos que arrancam sorrisos, das sinceridades gratificantes. Estes pedacinhos o amor não alcançou, pois se o fizeste já não restaria nada dessa que vos falo, somente o pó.
Helena? Vc ainda está aí? Vou me despedir temporariamente meu amor. Perdi o fôlego. Tempo me chama, vou descansar.
Até breve.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Dizem por aí
Amo vc de paixão.
Dizem por aí.
Se eu amar sem paixão?
Sem o arroubo, sem o derramamento?
Só com o coração e seu acalmamento?
Sem o foguentismo, sem o abrasamamento.
Sem o cheiro da pressa e o tormento.
Dizem por aí.
Vou te amar sem foguento.
Porque sem paixão eu aguento.
Queimar em convenções.
Desejar-te sem explicações.
Só o meu sentimento.
Sem arroubos e explosões!
Amo vc, não queira variações!
Dizem por aí.
Tantas alterações.
Amo-te com meus pulmões!
Feia
Feia é essa tua casca.
Dura como ferro.
Com a força motriz de vulcão.
Desarrumada como tuas poesias e gavetas.
Feia embrutecida.
Firme como madeira.
Com a rigidez de pilares.
Desenhados como suas tatuagens.
Feia enraizada.
Abastecida de tudo.
Protegida de nada.
Cem olhares.
Sedentos de beleza estúpida.
Crua como julgamentos afiados.
Rasos como futilidades.
Feia respire ares.
Amoleça dores.
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