sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Dor
Não posso fechar meu corpo para dor.
Ela faz parte de mim.
E tão fervente, tão viva, tão atroz.
Aquilo que grita, que amedronta está em mim.
Sem laços com o fim.
Com respingos ininterruptos de amargura.
Mas não afeto terceiros.
Tenho fendas e rasgos intermináveis.
Caibo tanto e tão profundamente.
Não espero leituras fiéis.
Apenas um afeto sincero.
Puro e visível como a minha dor.
Presente e inquieto como meus olhos.
E o que sou eu senão um abrir e fechar de portas.
Um desejo que vai e volta.
Um sorriso simples.
Um ar juvenil em um corpo velho.
Uma alma simplesmente.
Quero ter tantas de mim em mim que choro.
Um desmilinguir de realidade.
A verdade corta como lâmina.
Afiada como minha língua.
E o sangue é doce como o meu amor.
Não posso fechar aquilo que tem vida.
Que arde e pulsa como o meu respirar.
Caminhe dor.
Assinar:
Postagens (Atom)