Faz tempo que a poesia não sai de dentro de mim.
Separar dela jamais!Poesia é célula, é coração!
Antes o que ardia era a falta de inspiração, hj o que dói é o meu senso crítico...e dói tanto que
afetou minha vida, meu eu.
Empurrei meu samba- canção de tristeza com certeza até perceber que o caminho também
estava errado.A vida não foi feita pra ser empurrada ou levada.
Depois de ver " comer rezar e amar" me peguei de fato reavaliando o que estava fazendo de
mim, da minha essência, da minha coragem, daquele meu destemor.E eu juro que não é papo
de livro auto-ajuda.
Antes me julgava tão singular, tão original.
De uns tempos para cá isso foi se esvaindo junto com minha inspiração,fui perdendo o jeito de
mim mesma e isso me lembra tanto Clarice e Alice.
Já não aproveitava nem a dor, porque ela havia me engolido de tal forma que se
perguntassem algo eu só sabia que doia, nada mais.
Perder-se em si mesma.Caminhar sem saber de mim.Era assim que eu estava seguindo.
Depois de vários tropeços, erros e tristezas caminhava olhando pro nada, apenas seguindo o
fluxo da avenida pq é o que se faz nessa vida.
Mas isso me incomoda, sempre incomodou e agora mesmo pouco ainda pulsava.
Não sou de ser mais uma na multidão, pelo menos não na minha cachola doida.Gosto de me
sentir diferente, de poder mudar, de reavaliar, reorganizar, me impressionar!
Tava me sentindo rasa, curta, rota!
E não sou assim...sou complexa e simples ao mesmo tempo, sou o não e o sim e quiçá o talvez
no meio de campo!
Então tive esse vamos chamar de despertar, causado pelo cinema e não poderia vir de outro
lugar mesmo. O controle de si mesmo antes que o próprio vulcão da ansiedade desmedida o
engula, o auto permitir-se, o relaxar, o perdão pelos próprios erros,a corrida contra o
medo....tudo isso caiu a ficha como se diz por aí.
Parar de esperar o inesperado sem ao menos questionar-me se realmente fiz por
merecer.Parar de desejar a paciência como algo inatingível, colocar em prática como elixir de
paz interior e verdade.
Aposto que assim a poesia vai dançar não só dentro de mim como sempre o fez, mas nos meus
olhos, na minha pele e até no meu cabelo!
óbvio que tantas mudanças importantes não vão acontecer de um minuto para o outro, mas
tomar consciência delas é o primeiro passo, e esse iniciar sempre é o mais complicado da
jornada.
Sumi de escrever porque via como exposição, aliás sempre vi assim, mas por um tempo me
satisfez, escancarar minhas sandices, meus desejos, meus devaneios românticos.Com a crise
quis sumir de mim, quis me apagar e se possível me reescrever.Não consegui claro.A única
coisa que obtive foi um momento bicho-do-mato total, uma fobia social aguda, uma falta de
tolerância exacerbada.Ah e uma raiva do amor sem limites, o que para mim significava a falsa
venda do comercial de margarina.
Sabe quando vc acha tudo errado? até vc? por aí.
Logo eu que sou tão sociável, tão tolerante, tava cansada de socorrer tudo e todos.Esqueci que
eu precisava de socorro para continuar, pra ser alguém diferente do velho que não tava
servindo até então.Só que ninguém ouve seu grito interno né? A vida engole muito ansiosa as
pessoas para se darem o " direito" de ver a dor alheia.Quer ajuda procure um terapeuta esse é
o conselho da maioria.Ou então: " vai beber porra!".Sim, torne-se um alcoolatra, um
dependente psicoterapeutico e não torre o saco alheio faz favor!
Mas eu hoje agradeço até isso pq se não o fosse, não enxergaria os erros e até os mais tolos
um dia vão te servir pra alguma merda, pode apostar.
Não sei se um dia volto a me derramar escrevendo como antes.Uma parte daquilo que fui
morreu e ainda morre.Mas o que é a vida que a morte gradativa de nós mesmos não é?
Então que saia o velho e entre o novo que eu estou a tecer como uma bela colcha de
retalhos.Que o suspiro invada com esse novo ar, porque o sorriso já mudou.