Sinto falta de você, embora nunca tenha me abandonado.
Ficou quietinho ali em alguma gaveta, fresta, recôncavo. E eu te deixei ali adormecendo, amadurecendo ou se escondendo.
Você não precisava de mim.
Senti vontade de te procurar, dizer o quanto você é parte inerente dessa nova eu e que eu nunca vou deixar você partir para sempre.
Mas não fiz. Julguei que em algum lugar do seu sono você saberia.
(E não sabe?)
Sentia falta do seu cheiro a minha volta, dominando meus pêlos, infiltrando dopamina, meus olhos se fechando para segurar.
Queria ser surpreendia nos meus dedos e lábios, me arrancando um sorriso.
Você sempre me causou e arrancou as melhores emoções vestidas e nuas.
Você não vinha mas estava ali e aqui, dentro e fora, quieto , silencioso, respeitoso e profundamente meu.
É um sentir saudades dos momentos que formamos uma dupla memorável né?
(Porque você sabe)
Senti vontade de descansar no seu abraço porto, que seguro de si não força para ser, apenas é.
Até quando faltava seus braços, sobrava-lhe peito, ombro, respiração.
Queria compartilhar o correr do relógio, do sol e da lua com seu olhar. Como era bom gastar a vida vendo o dia chegar, pensando que nós estivemos grudados, unidos, palavra por palavra, sem mundo, sem paredes, sem estrada.
Senti saudade dessa consequência juvenil dos corações corajosos.
Mas você sabe.
(Não sabe?)
Você descansou longe, eremita, guardião de nós dois e eu me acostumei a deixar você com meu pedaço.
Agora digo que sinto falta de você como nunca!
Embora você nunca tenha me abandonado, mas me levou no seu descanso e eu nunca mais fui inteira sem saudade.
Não posso pedir a volta do que jamais foi. Mas posso pedir para ser o que você é: totalmente meu.
A gaveta é sua, o descanso nosso.
Volta a inundar meu coração, papéis, decibéis e pixels, adoro me enrolar nos seus pedaços.
Aposenta essa saudade que eu quero tua presença.
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