quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Dedos e miolos

" Gosto de mim escrevendo, gosto do que me torno, do mundo que bebo. A força que cresce na ponta dos meus dedos, chega a ser duro segurar o apetite dos meus pobres dedos. Aquelas palavras loucas para correr e se mostrar agitam-se em cada desenhar da caneta.
Os pensamentos aglomeram-se e quase geram um tumulto atropelando-se e complicando o meu já caótico trânsito intelectual.
Mas eu gosto de mim assim absorta e elusiva. Controlando meus pobres dedos psicóticos.
Na verdade não sei se torno-me essa pessoa que gosto ou se sou mesmo essa personalidade. Somente meus dedos, pobres e loucos podem responder, afinal de distúrbios les entendem; quando escrevem entram em um pequeno transe compulsivo onde até o ar torna-se inadequado. sente-se intruso, coitado!
Meus olhos gritam em meio àsuspiros e lágrimas: papel!
Pois só isso importa. Sem gente e mais papel nesse mundo!
Talvez a personalidade esteja nos meus dedos e não nos miolos.
Ah, meus miolos gostariam de ser dedos ás vezes, para separar o que serve do que não serve, como quem seleciona o jóio do trigo. Fazer a coleta seletiva do lixo reciclável interno.
Será que isso pode se plicar o coração? Meus dedos não atrevem-se a tocá-lo. Miolos então só gargalham da sua falta de "fibra".
Meu coração está deveras perdido nesse guerrear de dedos e miolos."